“O Natal de Jesus, a plena inserção
de Deus no contexto vivencial humano. A encarnação de Jesus é um profundo gesto
de solidariedade com os Homens. Por isso, o Natal é ocasião para compreendermos
o valor do amor solidário pelos irmãos.
Cardeal Orani João Tempesta, O. Cist.
- Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Celebramos hoje o dia do Natal do
Senhor. O Natal celebra o grande mistério da encarnação de Deus na história
humana A teologia da encarnação se fundamenta, sobretudo, no sublimíssimo
prólogo de São João. São aqueles quatorze versículos iniciais do primeiro
capítulo do seu Evangelho, dos quais dizia Santo Agostinho, deveria ser escrito
com letras de ouro. Pois, o excelso evangelista, nesse texto, revela-nos: a
eternidade e origem divina do filho de Deus, sua entrada no mundo e sua
rejeição pelos homens. “Veio para os seus, e os seus não o acolheram” (Jo1,11).
O Natal de Jesus é, portanto, a plena
inserção de Deus no contexto vivencial humano. A encarnação de Jesus é um
profundo gesto de solidariedade com os Homens. Por isso, o Natal é ocasião para
compreendermos o valor do amor solidário pelos irmãos. Ao contemplarmos o
presépio, vemos o exemplo do amor gratuito e universal. Pois, o verdadeiro
amor, revelado pelo menino Deus, tem dois aspectos: gratuidade e
universalidade.
A primeira leitura – Is 52, 7-10 –,
da segunda parte do livro de Isaías (também chamada Dêutero-Isaías), é mensagem
dirigida ao povo de Israel para consolá-lo. O autor dessa segunda parte de
Isaías teve a difícil missão de manter acesa a esperança do povo durante o
exílio da Babilônia. Tanto os que permaneceram na terra como os que foram
exilados experimentaram a dominação estrangeira e a desolação da guerra. É
nesse contexto de desolação, no pós-guerra, com a cidade de Jerusalém em
ruínas, que o profeta encoraja seu povo; ele convida a comunidade dos fiéis a
depositar toda a confiança no Reinado de Deus, e não nos reinos deste mundo. Em
uma forma poética o texto descreve as sentinelas da cidade olhando para todos
os lados, para ver o Senhor que está para chegar.
A segunda leitura – Hb 1,1-6 – a
mensagem é dirigida a essa comunidade, cujos membros, em sua maioria, eram
provenientes do judaísmo e, portanto, conheciam profundamente as promessas de
salvação anunciadas pelos profetas nas Escrituras. Essa carta pastoral faz um
resumo da história da salvação, a qual recorda que Deus é o protagonista do
projeto e de sua realização. E para concretizar seu plano de salvação, realizar
suas promessas, de muitas formas ele falou à humanidade; serve-se de seres
humanos, da linguagem humana, para estreitar a distância entre ele e os seres
humanos. Outrora Deus falou por meio de profetas, mas agora fala por meio de
seu próprio Filho.
O Evangelho – Jo 1,1-18 – é o prólogo
do Evangelho segundo João é um hino por meio do qual a comunidade joanina
professava sua fé em Jesus Cristo. A confissão de fé expressa nesse hino
ressalta que Jesus é a Palavra de Deus encarnada. Essa Palavra é de origem
eterna, divina; faz que toda a obra da criação, desde o seu princípio, tenha
como destino encontrar-se com o divino. Ao afirmar que a Palavra se fez carne,
João claramente identifica a Palavra com Jesus Cristo, o Filho de Deus. A
expressão “armou sua tenda no meio de nós” (v. 14) recorda a experiência do
êxodo, o encontro com Deus no deserto, quando o povo vivia em tendas. No tempo
em que vivia em acampamentos no deserto, o povo sentia a presença de Deus muito
perto. O Senhor residia onde o povo estava. A encarnação de Jesus permite que
novamente a humanidade possa experimentar, agora de modo muito mais profundo, a
presença do Deus que vem morar entre nós. Ele é a Palavra criadora, a luz que
ilumina as trevas.
A presença de Jesus deve encher o
coração das pessoas de esperança, paz e alegria. Ele é a Boa Notícia que o
mundo espera. Como, porém, fazemos essa proposta ao mundo que nos cerca? Como
podemos testemunhar ao mundo que Jesus é a Boa Notícia para todas as categorias
de pessoas que sofrem pela ausência de Deus? O menino Jesus, que contemplamos
no presépio, é, para nós, a Palavra de Deus encarnada, que dá sentido e
direcionamento para nossa vida. A liturgia do Natal nos interpela: quantas
vezes nos deixamos guiar por outras palavras, por outras mensagens e promessas
que não vêm de Deus, mas de poderosos deste mundo?
Esse texto nos revela que Jesus é a sabedoria de Deus encarnada. É a
palavra eterna feita homem. Pela encarnação se realiza as promessas de Deus aos
patriarcas e profetas. A salvação prometida por Deus torna-se realidade
concreta com a vinda de Jesus Cristo, o único mediador desta salvação. Esta
verdade é cantada pela liturgia da Igreja: “Vem Senhor, vem nos salvar, com teu
povo vem caminhar”. Desejo a todos vocês um abençoado e santo Natal e que
Jesus-Menino ilumine a vocês. Que sejamos peregrinos da esperança, cujo o
Jubileu o Papa iniciou na Missa da Vigília de Natal e nós estamos para iniciar
no próximo dia 29 de dezembro em todas as Dioceses do mundo conforme pede o
Papa Francisco. A Palavra se fez carne e habitou entre nós! Abençoado Natal!”
(Retirada da https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-12/natal-senhorpalavra-fez-carne-habitou-entre-nos.html)
André Jofre
Radialista-Setor
Locução
DRT-27193-SP-241225
.jpg)
Comentários
Postar um comentário
Diga-me a experiência que você tem com esse blog... o que te acrescentou... o que precisa mudar?...